Playax forneceu dados para matéria do Metrópoles sobre o aumento da procura por canções da dupla, após eles terem anunciado a turnê Nossa História, em comemoração aos 30 anos de carreira.
Lançamos hoje o Relatório Anual da Playax, cuja intenção é contribuir com a reflexão sobre o significado de sucesso (e fracasso) na música.
Esse objetivo levou à identificação de seis Modelos de Desenvolvimento, uma referência para a análise de artistas, que mostra os possíveis desenhos de uma carreira. Os modelos levam em conta o desempenho do artista nas rádios, no YouTube, no Spotify e no Índice de Audiência Musical criado pela Playax.
Além desses modelos, nosso relatório traz também uma análise da relação entre artistas e o seu gênero musical e um índice de oportunidade para shows internacionais.
Com esse primeiro estudo sobre os Modelos de Desenvolvimento, nossa ideia é muito mais ampliar a discussão do que encerrá-la. Por isso, sua participação é muito importante. Deixe seu comentário abaixo ou escreva para [email protected] contando pra gente o que você achou do relatório.
Fizemos uma análise das músicas “2050” de Luan Santana, “Apelido Carinhoso” de Gusttavo Lima e “Anti-Amor” de Gustavo Mioto para observar a relação entre as posições nos rankings de Streaming (YouTube + Spotify) e rádios das Praças. Analisamos a evolução das músicas nas oito primeiras semanas após o lançamento e calculamos a distância entre a posição no ranking de streaming e no ranking de rádios das Praças.
Antes de mais nada, é preciso estabelecer a diferença entre o consumo nos serviços de streaming e no rádio. No streaming, podemos dizer que o ouvinte é ‘pró-ativo’: precisa acessar a internet, buscar a música e clicar para ouvi-la, ou seja, o próprio ouvinte é o programador. No rádio o consumo é passivo: o ouvinte escolhe a emissora e ouve aquilo que é selecionado pelo programador. Podemos supor que quanto menor a diferença entre esses meios, maior é a conexão com públicos de perfis de consumo ativo e passivo.
Na tabela abaixo, vemos a posição no ranking de streaming e rádios das Praças da música “Apelido Carinhoso”, semana a semana, e a distância entre esses meios. As melhores colocações foram destacadas.
A distância média entre os meios é de 1.3, oscilando entre 0 e 3 em todo período analisado, ou seja, a música mantém um alinhamento entre os rankings, indicando taxas de aceitação do público ‘ativo’ e ‘passivo’ em níveis similares.
Agora vamos olhar a música “2050” de Luan Santana.
No ranking de rádios das Praças, “2050” varia da posição 2 até a 18. No streaming, varia da posição 76 até a 112. A distância média entre os meios é de 89.3, logo, não há proximidade entre o consumo da música nas rádios das Praças e no streaming.
Podemos dizer que para o perfil ‘ativo’ característico do streaming, a música apresentou baixa taxa de fixação junto ao público. Em contrapartida, para o perfil ‘passivo’ do rádio, a performance da música foi muito boa.
É válido também olharmos uma música que manteve um crescimento homogêneo em ambos os meios. É o caso de “Anti-Amor”, de Gustavo Mioto.
Percebemos que a música atinge posições semelhantes nas semanas 5 e 6 em Rádio e streaming. Ou seja, não chega a atingir o primeiro lugar nos rankings, mas apresenta performance semelhante entre os meios, com diferença média de 14.8.
Dentro de uma estratégia ‘360°’, é importante estar bem posicionado em todos os meios, garantindo que a música seja consumida por perfis diferentes de público. Distribuir melhor os recursos de divulgação entre os meios e, eventualmente, diminuir o investimento em determinada música cuja diferença entre meios é muito alta, podem ser ações a serem consideradas.
Para finalizar, veja abaixo um gráfico com a Distância Entre Meios das três músicas.
O eixo vertical mostra a diferença entre as posições no ranking, numa escala que vai de 0 (melhor alinhamento entre meios) a 125 (pior alinhamento). “Apelido Carinhoso” (azul) é bastante estável, apresentando um bom alinhamento entre meios durante todas as semanas analisadas. Já “Anti-Amor” (amarelo), começa com um baixo alinhamento, melhorando-o a partir da semana 4. A música “2050” (vermelho) varia bastante e, mais importante, permanece muito longe do ideal (zero), indicando falta de alinhamento entre os meios.
Iniciamos este estudo com a intenção de investigar se existe correlação entre métricas do Instagram e do Spotify. Mais do que isso, se artistas que possuíam muitos seguidores no Instagram (rede caracteristicamente visual), conseguiam levar seu público para o Spotify, convertendo likes em streams. Por isso, selecionamos três artistas que têm o Instagram como sua principal rede, ou seja, aquela que concentra o maior número de seguidores. São eles: Pabllo Vittar, Tiago Iorc e Felipe Araújo. Ao longo do estudo, que analisou o período de 21/07/2017 a 07/12/2017, métricas do Facebook e do YouTube foram incluídas. Vale ressaltar que não é nossa intenção encerrar o assunto, e sim levantar questões sobre essas possíveis correlações.
Gráfico de audiência dos artistas Pabllo Vittar, Felipe Araújo e Tiago Iorc, em que se vê o Instagram como principal rede.
Nas matrizes abaixo, vemos os pares de métricas dos três artistas analisados. As três primeiras mostram todas as correlações e as três últimas mostram somente as correlações que analisaremos nesse post. Para facilitar a leitura, colocamos números representando as colunas e letras representando as linhas. Consideramos que há correlação quando o número é superior a 0,3 (veja o vídeo explicativo no final desse post).
Além disso, levamos em conta somente os gráficos que apresentam uma correlação linear clara. Veja os exemplos abaixo:
Interpretação das matrizes de correlação
A primeira observação quanto às matrizes de correlação é: os três artistas apresentam a correlação Spotify:streams x Spotify:ouvintes (6G, 15G e 24G). Essa é a maior correlação existente (próxima do valor máximo, 1). Ou seja, em termos práticos, essas duas métricas são equivalentes. Como esse comportamento é comum aos três artistas, isso parece estar relacionado à natureza de utilização do Spotify, e não às características dos artistas. Exemplo: Mais ouvintes no Spotify está relacionado a mais streams. Isso mostra uma correlação intra-rede.
Observamos que o Tiago apresenta somente duas correlações fortes, enquanto Felipe e Pabllo tem dez e onze, respectivamente. Isso sugere que os eventos associados a esses dois artistas transcendem as métricas e, até mesmo, a rede social desses eventos (correlação inter-rede). Veja a explicação abaixo:
Correlações intra-redes
Vejamos primeiro as correlações entre as métricas de uma mesma rede social/serviço de streaming, nesse caso, Instagram, Spotify e YouTube. Não vamos analisar agora o Facebook, pois estamos avaliando somente uma métrica dessa rede social.
Instagram
Os três artistas apresentam uma forte correlação intra-rede no par Instagram:like x Instagram:comentários (2C, 11C e 20C). Como podemos observar, Felipe apresenta a maior correlação e Tiago, a menor.
Spotify
Além do par Spotify:ouvintes x Spotify:streams, que são equivalentes, tanto o Felipe, quanto a Pabllo apresentam forte correlação nos pares Spotify streams x Spotify:novos seguidores (14G e 23G) e Spotify:ouvintes x Spotify:novos seguidores (14F e 23F). Desse modo, Spotify:novos seguidores e Spotify:streams (ou Spotify:ouvintes) estão correlacionados. Isso significa que, quando há um acréscimo (ou decréscimo) na quantidade de seguidores, há também um acréscimo (ou decréscimo) na quantidade de streams, embora não saibamos dizer o que acontece primeiro.
YouTube
Apenas o Felipe apresenta uma fraca correlação entre métricas do YouTube: plays no canal e novos assinantes (17I). Esse evento equivale ao que acabamos de discutir no Spotify, com a diferença de que aqui ele não ocorre para Pabllo. Portanto, essa é provavelmente uma característica de como o Felipe investe nessa rede. Logo, poderíamos concluir que o Felipe é mais engajado no YouTube? Apesar de a Pabllo ter um número maior de inscritos no YouTube, a ausência de uma correlação significativa entre plays e novos assinantes demonstra que um evento não interfere no outro.
Correlações inter-redes
Facebook
Ao observarmos a primeira coluna da matriz, notamos que a Pabllo apresenta três correlações, uma com o YouTube:novos assinantes (19H), uma com o Spotify:streams (19G) e outra com o Instagram:novos fãs (19D), sendo apenas essa última uma correlação forte. Isso significa que uma ação realizada em uma das redes pode afetar a outra (embora não saibamos a ordem com que isso aconteça). Esse fenômeno não ocorre para o Felipe, ou seja, ações do Felipe no Facebook ficam no Facebook.
Instagram
No Instagram, o Felipe parece ter mais capacidade de mobilização. Olhando para a coluna Instagram:novos fãs, vemos que há correlação com YouTube:novos assinantes (13H) e Spotify (todas as três métricas: 13G, 13F e 13E). Embora não possamos afirmar nada quanto à ordenação temporal ou causalidade, é mais provável que as ações do Felipe no Instagram estejam causando eventos nas outras duas redes. Já Pabllo, embora seja mais eficiente em converter novos fãs no Instagram em novos fãs no YouTube (pois sua correlação é maior), só tem efeito em uma das métricas do Spotify, streams. Em outras palavras, o Felipe consegue converter fãs em uma rede em fãs na outra, enquanto a Pabllo consegue fazer com que seus fãs no Facebook ouçam suas músicas no Spotify.
Spotify
Além das correlações do Spotify com o Instagram, apenas a Pabllo apresenta também correlação Spotify:streams com o YouTube:novos assinantes. Isso significa que um acréscimo (ou decréscimo) de novos assinantes no YouTube está causando um acréscimo (ou decréscimo) de streams no Spotify (ou o oposto, não sabemos) (25H).
Para a Pabllo, vemos correlações do YouTube com Facebook, Instagram e Spotify. Portanto, o mais provável é que a causa seja o YouTube (talvez haja outra causa subjacente às informações que temos aqui). Por exemplo, pode ser que tudo isso seja efeito das aparições da Pabllo na mídia. Novamente, não sabemos dizer. Mas o fato é que a Pabllo está presente nessas redes, de tal modo que os eventos nelas ocorrem simultaneamente, indicando uma correlação inter-redes.
Por outro lado, o Felipe apresenta menos correlações, mas todas elas estão relacionadas com “novos fãs”. Veja na penúltima linha: um acréscimo (ou decréscimo) de novos assinantes no Youtube ocorre ao mesmo tempo que um acréscimo (ou decréscimo) de novos fãs no Instagram (13H) e seguidores no Spotify (14H), ainda que a correlação seja fraca.
Resumidamente, parece que a Pabllo tem sido mais eficiente em desenvolver uma audiência ativa, que consome seu conteúdo, enquanto que o Felipe parece conseguir construir de uma base de fãs, que não necessariamente implica em um aumento do consumo de suas músicas e vídeos (plays, streams, etc).
YouTube
Já foi abordado nas redes anteriores.
Conclusão
Tiago apresenta um número menor de correlações, enquanto Felipe e Pabllo tem quase o mesmo nível de influência inter-redes, sendo Pabllo um pouco maior. Pabllo apresenta correlações com o Facebook e o Felipe não. Se Pabllo não tivesse correlações com o Facebook, Felipe seria um artista com maior nível de influência intra e inter-rede.
A Pabllo é a única artista em que todas as suas redes apresentam algum tipo de correlação. Aparentemente, sua rede mais forte (Instagram) influencia o consumo do seu trabalho e também aumenta a sua base de fãs. Já o Felipe apresenta uma correlação em que sua rede mais forte influencia mais o consumo do seu trabalho e menos a construção de uma base de fãs. Veja o vídeo com mais explicações.
A Playax fez um levantamento exclusivo para o jornal O Globo com as músicas mais tocadas no Carnaval 2018, levando em conta Spotify, YouTube e dados de audiência em rádios de todo o Brasil.
Analisamos os dados de Marília Mendonça, Maiara & Maraísa e Simone & Simaria – artistas sertanejas que se encontram em níveis similares de audiência – durante o período de 13 de outubro de 2016 até 12 de outubro de 2017 para tentar responder a uma série de perguntas sobre a relação entre ouvintes nas rádios e streams no Spotify.
Veja os gráficos abaixo:
Para os artistas analisados, vimos que existe uma relação. Isso fica claro ao compararmos as linhas que representam a audiência nas rádios e no Spotify. Porém, em alguns momentos, há também áreas divergentes.
Levantamos algumas hipóteses para desvendar por que semelhanças acontecem. Um evento relevante na carreira de uma artista pode gerar um crescimento nas duas linhas. Por exemplo: lançamento de um trabalho, participação em um programa de televisão, inserção de uma música na novela, entrevista em jornal ou revista, anúncio publicitário, etc. Tudo isso colabora para a exposição da artista. Outra hipótese é que as rádios estão atentas ao que está acontecendo no Spotify ou os usuários do Spotify são influenciados pelo que toca nas rádios.
O que performa primeiro: Rádio ou Spotify?
Olhando as relações acima percebemos que, em alguns momentos, o Spotify se antecipa à radio e vice-versa. Apesar de acreditarmos que um meio influencia o outro, não temos o histórico de ações, eventos ou investimentos em cada meio para comprovar isso.
Divergências
Acreditamos que áreas divergentes tem a ver com ações, eventos ou investimentos específicos em um dos meios. Por exemplo, um esforço extra em rádio ou a inclusão de uma música em uma playlist do Spotify.
Conclusão
Devemos ressaltar que essa análise observou uma amostra reduzida. Portanto, não podemos pressupor que esse comportamento se repita para outros artistas ou gêneros.
Nossas métricas
– Stream: para esse estudo, consideramos que um stream corresponde a um ouvinte no Spotify.
– Ponto estimado: um ponto de audiência estimado equivale a um público entre 1.000 e 1.500 ouvintes. Para esse cálculo, levamos em conta a potência da rádio, a densidade demográfica da região, o horário em que houve a detecção e a popularidade da emissora.
Aqui na Playax estamos sempre atentos aos dados referentes ao consumo de música em diversas plataformas, buscando entender se há relação entre eles. Acompanhe nosso blog e fique por dentro das novidades.